Você ficou nove meses esperando, ansiosa, feliz e, de repente, a criança chega! Lá está ela, linda, chorando um bocado e exigindo dedicação total. A decepção no começo – embora não consciente – pode trazer, com ela, uma profunda tristeza, chamada pelos médicos de depressão pós-parto (DPP).
Com alterações de percepção, a DPP é uma condição temporária de transtornos emocionais, físicos e de comportamento, que vemos acontecer com muitas mães. Acredita-se que cerca de 10 por cento das mulheres sofra de depressão pós-parto, embora uma recente pesquisa da Royal College of Midwives, do Reino Unido, tenha indicado que o número possa ser bem maior. Os sintomas mais comuns incluem desânimo, tristeza, medo de não saber lidar com o filho, baixa autoestima, diminuição do apetite, da libido, fuga social, dores de cabeça e muito mais.
“No entanto, além de ser possível prevenir a DPP, existem cuidados que diminuem suas consequências”, explica o ginecologista Telmo Ricardo Rodrigues, do Hospital Santa Joana e Pro Matre, São Paulo. No caso da prevenção, recomenda-se:
•Identificar as pacientes com maior suscetibilidade e conscientizá-las sobre a DPP. Certas pacientes com histórico de depressão e outras com maiores transtornos pré-menstruais (TPM) são mais suscetíveis às mudanças bruscas de perfil hormonal na fase puerperal.
•Minimizar o estresse e as irregularidades na gestação e no perinatal.
Após o parto, explica o Dr. Telmo, mesmo considerando que o quadro tende a melhorar em semanas de forma espontânea, o médico pode auxiliar:
•com terapia medicamentosa;
•indicando uma dieta rica em ômega-3, sem esquecer a alimentação tradicionalmente relevante à saúde da mãe-filho;
•com atividades físicas, desde que haja motivação da paciente.
A atitude do marido também é fundamental desde o pré-natal. Ele deve manter uma postura positiva na gestação e após o nascimento. É essencial ajudar nos cuidados com o bebê respeitando, a cada dia, as mudanças na rotina por ele criadas. Afinal, não é a mulher que fica grávida, mas o casal. Vale usar sempre as expressões “estamos grávidos” ou “temos um filho”.